Novembro Azul: Como surgiu?
“O Novembro Azul teve início na campanha Um Toque Um Drible, desenvolvida pelo Instituto Lado a Lado a partir de 2008 para discutir temas relacionados ao Câncer de Próstata. Quatro anos depois, inspirado pelo Movember, movimento internacional dedicado à conscientização e arrecadação de fundos na luta contra a doença, passamos a promover um mês inteiro e intenso de mobilizações focado na saúde do homem: o Novembro Azul.” (Fonte)
Em meados de 2014, José Marcos, sócio da JPR, foi diagnosticado com Câncer de Próstata, passou pelos exames para verificar a gravidade e, em 8 de dezembro do mesmo ano realizou a cirurgia no Hospital de Câncer de Barretos. A cirurgia e a recuperação ocorreram foi um sucesso! Depois de recuperado, passado um ano, José Marcos foi entrevistado pelo pelo portal de notícias G1 – Região de Ribeirão e Franca que transcorremos aqui:
“Exame de toque foi fundamental, diz homem que venceu tumor na próstata
Contador de SP constatou câncer aos 49 anos após fazer teste de rotina.
Com 68,8 mil casos em 2014, tumor é o 2º que mais mata homens no país.
José Marcos Paula Theodoro foi diagnosticado com câncer de próstata aos 49 anos. Foi graças ao toque retal a que tantos homens ainda mostram resistência que o contador de 50 anos, de Catanduva (SP), pôde extirpar o tumor que poderia tê-lo levado à morte.
Quase um ano desde que passou por uma cirurgia no Hospital de Câncer de Barretos (SP), Theodoro diz que graças ao apoio de sua família conseguiu superar todas as fases da doença e que, desde o início, o exame clínico nunca foi um tabu.
“Foi fundamental. As pessoas precisam entender que o preconceito precisa ser deixado de lado. Posso afirmar com certeza que a partir dos 45 anos a pessoa tem que se cuidar mesmo, não pode bobear. O preconceito pode acabar com a vida da pessoa”, diz.
Diagnóstico inicial
O caso dele foi um dos 1.113 que passaram pelo hospital em Barretos em 2014, um dos principais centros oncológicos do país, e um dos 68,8 mil registrados no ano passado em todo no Brasil, estima o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O câncer de próstata, no foco da campanha Novembro Azul, é o segundo em incidência de mortes no país entre os homens, só perdendo para o de pele. Em 2013, matou 13.772.
Apesar disso, muitos nem sequer chegam à fase do diagnóstico por medo em relação ao toque retal, ainda tido como o melhor método para detectar com antecedência a doença.
De acordo com o urologista especializado em oncologia Wesley Justino Magnabosco, do HC de Barretos, também é utilizado no diagnóstico um exame de sangue chamado de PSA, mas 20% dos pacientes com tumor não manifestam problemas nesse teste, o que torna o método do toque obrigatório para todos os casos.
“No homem, não se sabe por que, a próstata é o órgão interno mais suscetível a ter o câncer. Tirando o de pele, comum em ambos os sexos e em todas as idades, o câncer de próstata é o mais comum em pessoas acima de 50 anos. A incidência é muito grande. O problema é que na maioria das vezes no estágio inicial não há sintoma algum, o homem não sente nada, por isso é perigoso”, alerta o especialista.
Vida nova
Foco de piadas e preconceito, o toque retal não representou um constrangimento para o contador de Catanduva. Desde os 45 anos, Theodoro se submete regularmente ao rápido exame capaz de identificar anormalidades na glândula do tamanho de uma castanha, localizada na parte baixa do abdômen, responsável por 70% da produção de sêmen do organismo masculino.
No ano passado, o procedimento levantou a suspeita diante da constatação de que a glândula estava endurecida. Um exame de sangue e uma biópsia completaram o diagnóstico.
Após três meses de entrevistas e preparativos, em 8 de dezembro de 2014 Theodoro foi submetido a uma cirurgia no HC de Barretos e se curou. Hoje, ele apenas faz testes de acompanhamento.
“Transcorreu muito tranquilo. Eu só tenho a agradecer. Só tive que repetir os exames de PSA, que deram negativo. O câncer foi totalmente extirpado”, comemora.
Ele reconhece que o apoio de sua família foi essencial. “Tem muita coisa para acontecer ainda na vida, não vale a pena correr o risco de maneira alguma, precisa se cuidar, se submeter aos procedimentos que forem necessários”, afirma.
Tratamentos
Segundo Magnabosco, a cirurgia a que o contador foi submetido é um dos procedimentos adotados quando se detecta o tumor maligno. “Hoje em dia a gente já tem a cirurgia por vídeo que é aquela com pequenas incisões. Já está chegando ao Brasil uma cirurgia por robôs, que tem certas vantagens também”, diz.
A outra forma de tratamento é a radioterapia. A escolha de qual método deve ser utilizado depende de fatores como idade, condições gerais de saúde e estágio da doença. Mas, para os dois casos, quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de cura. “É uma decisão muito individualizada feita entre paciente e médico.”
Há casos iniciais em que apenas medicações resolvem, explica o urologista. Para descobrir antes que seja muito tarde, os homens precisam procurar um médico a partir dos 50 anos – ou 45, caso haja histórico na família – para o exame de toque, capaz de detectar nódulos e inflamações no órgão, próximo do intestino.
“O homem tem muito preconceito e muito medo do exame, acha que é doloroso, desconfortável, mas é um exame que dura de três a cinco segundos e não é doloroso. (…) O homem não precisa ter vergonha, ninguém vai deixar de ser macho por causa de um simples exame.”
A postura machista, por outro lado, pode custar caro. “O câncer da próstata, quando se espalha, a região mais comum de acometer são os ossos. Muitos descobrem porque começam a sentir dor muito intensa nos ossos, alguns têm fratura na perna, na coluna. (…) Muitos acabam descobrindo quando já têm sequelas graves da doença.”
Vida sexual
O principal medo dos homens quando se deparam com o câncer e com a necessidade de tratamento é com relação à impotência sexual. O urologista reconhece um risco de incidência de 40%, mas confirma que, mesmo para os casos com complicações, existem soluções posteriores, sejam por meio de medicamentos, sejam cirúrgicas.
“Muitos homens que fazem a cirurgia conseguem ter ereção depois. Isso também é outro mito que faz com que muitos homens não procurem tratamento com medo da disfunção erétil. Se o homem, mesmo com tratamento, tiver disfunção, temos tratamento com prótese, com cirurgia, ainda temos o resgate desses pacientes”, diz.
Além disso, o especialista defende que ignorar o tratamento, além de representar um risco à própria vida, tende a acometer, de qualquer modo, as funções sexuais a longo prazo. “Se o paciente chegar a um câncer avançado vai acabar acometendo a parte da ereção e vai perder a ereção de qualquer jeito.”
Outro efeito que acomete o paciente após o tratamento na próstata é a incontinência urinária, que costuma a incidir apenas no início, explica Magnabosco. “Quando o tratamento é feito em um centro especializado, o paciente fica perdendo urina por um tempo e depois se recupera. Depende da idade, idosos têm mais risco.”
Apesar de todos os medos e tabus, José Marcos Paula Theodoro diz que valeu a pena lutar por sua vida.
“No começo é difícil aceitar, aquele primeiro impacto pega no psicológico. A pessoa nunca está esperando. De repente vem aquela bomba, naquele primeiro momento você fica para baixo mesmo, chora, acha que vai acabar tudo, mas é um estágio momentâneo. Comigo aconteceu assim. (…) A vida continua”, afirma.”
Fonte: G1 – Região de Ribeirão e Franca
Depois de passado quase 2 anos da cirurgia e 1 ano da entrevista, José Marcos se considera completamente curado do Câncer de Próstata descoberto em 2014. Ainda frequenta periodicamente o Hospital do Câncer de Barretos para exame do PSA que vem a cada retorno, lhe dando a certeza de qual não há qualquer resquício da doença. “Deus colocou-me no momento certo, com as pessoas certas e o apoio da família e dos amigos, tudo acabou bem.” Disse.